Com Falar Verdade a Mentir voltamos a Almeida Garrett, na tentativa de “revelar”, aos espectadores, a partir da nossa prática, as ideias que subjazem na estrutura dramática da peça e que, a nosso ver, se mantêm com uma surpreendente actualidade. A luta do Autor romântico, pela revolução nas Letras, no Teatro Português e, porque não dizê-lo, na Política nacional, pode ser lida através desta comédia de costumes, que nos mostra ainda hoje um “retrato fiel” da nossa idiossincrasia e do nosso viver colectivo. Com Garrett estamos na verdadeira modernidade, sem perder tempo com o culto do passado, que encontramos noutros autores.
Com Falar Verdade a Mentir podemos observar, num ritmo de comédia e com humor corrosivo, como a natureza do discurso se cruza entre o passado, a falsa moral, a aparência e o novo olhar dos tempos e das desilusões do Presente, consoante os personagens em jogo.
Com Garrett e Falar Verdade a Mentir são razões estéticas e ideológicas que enformam o discurso teatral. O cerne da revolução romântica, quer quanto à observação do social e do político, quer quanto à natureza do discurso poético ou literário.
Com Garrett estamos na promoção do “sujeito” em instância estruturante de si mesmo e do mundo em que evolui. E essa dinâmica está explícita nos discursos dos vários personagens. Falar Verdade a Mentir: um divertimento teatral num espaço/tempo de debate e experimentação.
Rui Madeira
Autor: Almeida Garrett | Encenação e Dramaturgia: Rui Madeira | Elenco: André Laires, Carlos Feio, Jaime Monsanto, Rogério Boane, Solange Sá e Thamara Thais | Cenografia: Carlos Sampaio, Rui Madeira | Figurinos: Sílvia Alves | Criação vídeo: Frederico Bustorff Madeira | Criação Sonora: Luís Lopes | Design gráfico: Carlos Sampaio | Fotografia: Paulo Nogueira
Bilhetes: 10€ | 5€ (estudantes, reformados e protocolos) | 4€ (grupos - mínimo 10 pessoas)
M/12